O Desenvolvimento do Apego na Criança – Configurações de apego e complexo de Édipo

CONFIGURAÇÕES DE APEGO E COMPLEXO DE ÉDIPO

Um triângulo clássico edipiano exacerbado é constituído por um menino com apego ansioso com a mãe, a qual não consegue transmitir segurança à criança, (portanto, não facilita o desenvolvimento a independência e da autonomia) e um pai omisso que delega o menino à mãe. Este pai não ajuda o filho a soltar a mãe porque não se oferece como uma figura que transmita segurança, portanto essa atitude não facilita a aquisição da identidade masculina.

    • Este pai não ajuda o filho a separar-se da mãe porque não se oferece como uma figura de apoio alternativa, que transmita segurança; portanto esse pai não facilita a aquisição da identidade masculina.
    • Muitas vezes ataca a relação possessiva da mãe de forma destrutiva e só usa a disciplina castradora.
    • Não é capaz de fecundar seu filho de Logos, discriminação, ordem e competência necessária ao bom desenvolvimento do psiquismo masculino.
    • Muitos casos de homossexualidade masculina apresentam esta configuração familiar: pai omisso e mãe e filho envolvidos num padrão ambivalente.
    • As características ansiosas e grudentas do filho com a mãe causam, além de ciúme no pai, também a decepção de ter um menino afeminado.
    • Alguns pais são capazes de usar o mal-estar que sentem como alavanca para penetrar criativamente na relação mãe-filho, conquistando um terreno e assim construindo um espaço masculino e amoroso que propicia o desenvolvimento da identidade masculina no menino.
    • Outros pais abandonam o território (tanto paterno como conjugal) deixando o filho à mercê da mãe, esta vai se tornando cada vez mais devoradora, na medida em que, conjugalmente abandonada, usa o filho simbolicamente como amante.
    • Um quadro ainda mais grave é o do menino com padrão evitador, que além de reprimir o apego pela mãe, ainda é abandonado pelo pai: ficando pré-disposto às piores carências, à não aprendizagem da empatia e provavelmente ao desenvolvimento de atitudes sádicas contra outros seres humanos.
    • Devemos lembrar que meninos com padrão evitador e frio muitas vezes não são percebidos como problema, porque estão dentro da expectativa cultural de pouco expressividade para o sexo masculino.

Em outro tipo de triangulo edipiano exacerbado, a relação entre mãe e filha é fria e não amorosa; a criança desde a primeira infância reprime o apego com a mãe por medo de rejeição; o pai percebe a situação e se aflige com a frieza da filha, que é contra a expectativa cultural; se aproxima da filha dá atenção, tanto para compensá-la quanto para se compensar dos problemas conjugais; então provoca ciúme na mulher, que ataca e rejeita mais a filha, e o circulo vicioso se agrava.

    • É praticamente impossível a existência de problemas edipianos graves sem a existência de um padrão de apego inseguro entre crianças e o progenitor do mesmo sexo.
    • Nestes casos em geral há graves problemas subjacentes no relacionamento marital, mas que nem sempre os cônjuges o admitem ou têm consciência, e muitas vezes não estão dispostos a investir energia no vínculo conjugal.
    • O cônjuge excluído ou rival, por mais omisso, agressivo ou pouco cooperativo que seja, no fundo é um progenitor e um cônjuge frustrado, e é possível fazer uma aliança com seu desejo de ser incluído e amado.
    • De inicio é mais provável que se consiga um investimento amoroso na relação desse cônjuge com a criança do que conseguir um investimento amoroso na relação conjugal.

A melhoria das condições de apego entre o progenitor e o filho rival também vem de encontro às necessidades da criança de ser amada por pai e mãe, ter uma relação simbiótica e incestuosa com um só progenitor é um mecanismo de defesa compensatório contra a frustração de não poder ter o direito a amar e ser amado por pai e mãe.

Bibliografia:
Temas em Terapia Familiar – Contribuições da Teoria do Apego à Terapia Familiar Gilda Franco Montoro
Apego: A natureza do Vínculo, John Bowlby – volume 1 da trilogia.

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Madalena Borges

ESPECIALISTA EM CASAIS E FAMILIA PELA UNIFESP, ESPECIALISTA EM SEXUALIDADE HUMANA PELA USP, ANALISTA PSICODRAMÁTICA PELA EPP. madalena@socorropsiquico.com.br

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