Impulso Sexual Excessivo

IMPULSO SEXUAL EXCESSIVO

Definição

O impulso sexual excessivo ou compulsão sexual é reconhecido pela falta de controle dos impulsos, a qual resulta em incapacidade de resistir à tentação de realizar atos sexuais. É uma disfunção caracterizada por tensão crescente antes da realização de tais atos, seguida de prazer, gratificação ou alívio pela execução dos mesmos.

Critérios Diagnósticos

A compulsão costuma iniciar no final da adolescência ou inicio da vida adulta, com certa egossintonia, o que impede o individuo de se tratar de imediato. A negação retarda o processo na procura de ajuda médica. O quadro se manifesta por: busca compulsiva de novas parcerias, múltiplos parceiros; masturbação compulsiva; múltiplos relacionamentos sexuais simultâneos; consumo incontrolável de filmes pornográficos e leitura erótica e uso compulsivo da Internet, sites ou salas para prática de sexo virtual.

Os episódios de busca por sexo seguem uma sequência de fases, conforme abaixo:

  • Fissura: o indivíduo fica absorto em pensamentos sobre sexo, como num transe, com frequentes relatos de experiências dissociativas. O campo cognitivo se estreita parcialmente e predominam as ideias sobre objetos sexualmente estimulantes.
  • Ritualização: desenvolve uma rotina sexual, com excitação crescente.
  • Gratificação sexual: torna-se incapaz de cessar o processo antes de se satisfazer, ficando alheio que o detenham antes da finalização do ato sexual.
  • Desespero: pela impotência e, muitas vezes, pelo arrependimento.

À medida que esse quadro evolui, tais episódios se tornam mais frequentes e a dificuldade para o prazer aumenta a sensação de angustia.

A compulsão sexual tem estruturação psicopatológica apoiada em observações clínicas e baseada nos critérios para as dependências de substâncias, conforme a tabela 3. (Abdo, 2010), (Oliveira et al, 2007)

Critérios para definição de compulsão sexual (adaptada dos critérios para dependência de substâncias do DSM-IV).

Compulsões sexuais são comportamentos sexuais repetitivos e exacerbados, causando sofrimento e prejuízo clinico significativo nos últimos 12 meses, e caracterizados por três ou mais dos seguintes aspectos:

  • Duração longa e intensidade crescente do comportamento.
  • Fracasso em controlar o comportamento.
  • Tolerância, diante de práticas sexuais cada vez mais exacerbadas e frequentes, para obter a mesma satisfação que havia no início do quadro. À medida que a satisfação não ocorre, o ciclo se retroalimenta.
  • Ritual de busca: muito tempo e energia gastos com atividades para obter sexo.
  • Prejuízo das atividades sociais, ocupacionais e recreacionais.
  • Continuidade do comportamento, a despeito das consequências adversas.
  • Abstinência, caracterizada pela presença de sintomas físicos e/ou psíquicos, quando o individuo evita se envolver em praticas sexuais. (Abdo, 2010)

Tratamento

O tratamento é psicoterápico e medicamentoso. Os medicamentos mais utilizados são os Inibidores de recaptação da serotonina – ISRS (fluoxetina, sertralina, paroxetina) e os estabilizadores do humor. Outros medicamentos podem ser administrados, desde que o paciente tolere os seus efeitos, como os tricíclicos. Em outros países o uso de antiandrogenos é utilizada, no Brasil esses medicamentos são proibidos para esse fim. A educação sexual pela família é fundamental para o desenvolvimento afetivo-sexual saudável e a prevenção desses transtornos. (Abdo, 2010), (Oliveira et al, 2007).

BIBLIOGRAFIA

Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

American Psychiatric Association. Diagnostic And Statistical Manual Of Mental Disorders. DSM-5.

Abdo, Carmita. Sexualidade humana e seus transtornos / Carmita Abdo, 3ª ed. Atualizada e ampliada – São Paulo: leitura Médica, 2010 .

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Madalena Borges

ESPECIALISTA EM CASAIS E FAMILIA PELA UNIFESP, ESPECIALISTA EM SEXUALIDADE HUMANA PELA USP, ANALISTA PSICODRAMÁTICA PELA EPP. madalena@socorropsiquico.com.br

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