Como está o seu Relacionamento?

Sabemos que na nossa sociedade ainda existe uma preocupação com os papéis sexuais, o que compete ao homem e a mulher no casamento, ainda não foi possível privilegiar a relação, a qual acontece no único espaço em que os papéis masculino e feminino entram em confronto. Ainda há muito que caminhar neste sentido.

De modo geral, os seres humanos tem uma ideia de incompletude e a fantasia de que no casamento encontrará, o seu príncipe ou a sua princesa encantada, que vai lhe completar eternamente. Outros defendem a ideia de segurança, que é o esforço do indivíduo para se manter em segurança, uma ideia de que o casamento proporciona a condição de estabilidade tão almejada, não raro ouvimos frases como, “Agora que eles casaram vão sossegar” “O casamento vai estabilizar a relação” “Agora ele (a) se acalma”.

Existem muitas explicações, populares e técnicas, neste artigo vou apresentar alguns conceitos da Analise psicodramática para os relacionamentos, que podem ajudar o leitor a identificar em que fase a sua relação se encontra.

A primeira fase dos relacionamentos é a tão conhecida paixão, onde o casal vive uma fase de encantamento, e de forma inconsciente acaba reeditando uma relação diádica já vivenciada na infância. O casal vive a ilusão de um amor incondicional que tudo pode, tudo suporta. A pessoa amada é vista como perfeita e capaz de preencher todas as lacunas psíquicas e afetivas do parceiro. Este é um estado transitório, com a convivência, os pares vão tendo uma visão mais realista da pessoa amada e passam necessariamente por uma fase de decepção, desencanto e frustração, ao serem observados traços de personalidade menos nobres e neuróticos dos parceiros. A partir deste momento da relação, o casal pode percorrer alguns caminhos.

O primeiro deles é o amor, que pressupõe um diálogo franco e sincero a respeito das decepções e desencantos, não jogar sujeira para debaixo do tapete, mas encarar com coragem as diferenças. Assumir e aceitar o outro como ele é, sem querer muda-lo, com esta atitude a tendência é aumentar a intimidade a cumplicidade e a confiança entre o casal. Nesta fase o casamento sai do mundo imaginário e entra no mundo real, onde a convivência com as dificuldades e facilidades são aceitas e assimiladas por ambos, estimulando o bem querer e o companheirismo. Nas relações de amor, a admiração é mantida de forma mais realista e a erotização não entra em desgaste, é comum casais se apaixonarem de tempos em tempos.

O segundo caminho é evoluir para o ódio, sem possibilidades de diálogo e impossibilitados de elaborar seus desencantos e decepções, entram em um processo de acusar o outro como responsável pelas próprias decepções, assim a convivência passa a ser hostil e acusatória e cada um se sente ludibriado, enganado, traído ou usado pelo outro e não assume jamais sua parte menos nobre e seus traços neuróticos. Nas relações de ódio, a tensão é crônica e pode acabar deteriorando o próprio vínculo amoroso.

O terceiro caminho, é a indiferença que começa com um esfriamento e logo evolui para um distanciamento, um tanto faz, o casal tenta negar ou dissimular a fase de decepção e desencantamento e passa a ter um diálogo falso e mentiroso tentando justificar, mentir ou manipular para evitar admitir suas partes menos nobres, seus traços neuróticos além de admitir a frustração e a decepção para com a pessoa amada. Geralmente, têm medo de assumir a sua decepção e com isso destruir a relação.

Apresentamos aqui a fase da paixão e encantamento, que se adequadamente encaminhada, pode se tornar mais forte e duradora, caso contrário, pode acabar em um relacionamento cheio de frustrações e acusações. Se você se identificou com algumas das etapas que estão desgastando a sua relação, a psicoterapia de casal pode ser uma solução no encaminhamento de diálogos francos e abertos, na tentativa de retomar a relação.

Referências:
Vinculo conjugal na análise psicodramática: diagnóstico estrutural dos casamentos / Vitor R.C.S.Dias -São Paulo: Ágora, 2000.

Gostou? Curta e Compartilhe com seus amigos:

Picture of Madalena Borges

Madalena Borges

ESPECIALISTA EM CASAIS E FAMILIA PELA UNIFESP, ESPECIALISTA EM SEXUALIDADE HUMANA PELA USP, ANALISTA PSICODRAMÁTICA PELA EPP. madalena@socorropsiquico.com.br

Outros artigos de nosso Blog

Ciúme na Relação do Casal - Por Madalena Borges, Psicóloga

Ciúme na Relação do Casal

Ciúme é o cuidado com o ser amado. Um sentimento positivo para qualquer relacionamento. Entretanto, torna-se um problema quando a intensidade do zelo passa a sufocar e impedir uma relação saudável com o outro.

Intimidade do Casal - Por Madalena Borges

Intimidade

Você já ouviu falar em intimidade, você tem intimidade com o seu parceiro(a) conseguem se entender pelo olhar ou pelos gestos um do outro?

Sentimento e Emoções - Por Madalena Borges, Psicóloga

Sentimento e Emoções

Uma das lições mais importantes que as pessoas precisam aprender é que seus sentimentos são sempre sobre elas mesmas, são revelações de suas necessidades de, por exemplo: serem amadas, afirmadas, sustentadas, acolhidas, ouvidas ou elogiadas.